
A bandeira lilás nas praias do litoral catarinense adverte sobre a presença do animal e previne queimaduras por águas-vivas
Guarda-vidas atenderam ao todo 16.092 vítimas de queimaduras por águas-vivas no litoral catarinense, entre 21 de dezembro e 21 de janeiro, segundo o CBMSC (Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina). Em média, são aproximadamente 503 casos por dia.
Pesquisador explica que as caravelas-portuguesas são espécies de água quente e surgem na primavera e verão – Foto: Reprodução/Record TV/ND
O batalhão que mais registrou ocorrências foi o de Criciúma, com 7.027 casos em apenas um mês. É mais que o dobro de Florianópolis, que ocupa o segundo lugar com 3.509.
O aumento da temperatura da água explica a presença do animal, segundo Alberto Lindner, professor de Biologia e Oceanografia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Os bombeiros atenderam cerca de 503 vítimas de queimaduras por águas-vivas por dia no último mês – Foto: Divulgação/CBMSC
Há dois tipos de águas-vivas comuns no litoral catarinense: a caravela-portuguesa, que é roxa e boia na água, e a medusa, que tem formato de guarda-chuva e fica debaixo d’água.
“A caravela-portuguesa é um animal de alto-mar, oceânico, de águas tropicais e quentes. Então, é um animal que só vai chegar em Santa Catarina a partir da primavera e no verão”, explica o professor.
“Quando a gente tem muitos dias de vento nordeste, especialmente vento leste, vem bastante caravela-portuguesa, o que pode estar relacionado a acidentes mais graves”, completa Lindner.
Diferente da caravela-portuguesa, a medusa é uma espécie nativa de SC – Foto: Mathieu Chirico/Unsplash/ND
Já as medusas, que também são venenosas, são espécies nativas da região. As pesquisas da UFSC apontam que a presença do animal varia conforme a estação.
“Também tem uma sazonalidade, a gente encontra mais nos meses de verão do que nos meses de inverno. Isso está possivelmente relacionado à mudança de temperatura da água do mar, mas tem outros fatores envolvidos que ainda estamos pesquisando”, comenta Lindner.
Saiba como evitar queimaduras por águas-vivas no litoral de SC
Em caso de bandeira lilás fixada na praia, os banhistas devem evitar entrar no mar – Foto: Divulgação/BMSC/ND
A presença de águas-vivas no mar é indicada pela bandeira lilás, distribuída em postos de guarda-vidas de todo o litoral catarinense. Ao avistar a bandeira, a recomendação é não entrar no mar e não andar de pés descalços na praia.
“É preciso ficar muito atento quando entrar na água, especialmente com a caravela-portuguesa, que causa os acidentes mais graves. Só que ela é bem mais fácil de ver, porque é toda roxa e fica boiando”, aponta o professor.
O primeiro passo ao avistar uma água-viva é sair da água imediatamente – Foto: Divulgação/CBMSC
Os tentáculos da caravela-portuguesa, que contêm o veneno, ficam debaixo d’água e podem chegar a 50 metros de comprimento. O professor esclarece, porém, que as águas-vivas não atacam os banhistas.
“Isso é importante: a água-viva não ataca, é a gente que vai em direção e toca nela sem querer”, define.
No aplicativo CBMSC Cidadão, os bombeiros informam as condições do mar, a incidência de águas-vivas, a balneabilidade da água, presença de ressaca e a disponibilidade de cadeiras anfíbias do projeto Praia Acessível, além de apresentar os endereços dos postos de guarda-vidas.
O que fazer em caso de queimaduras por águas-vivas?
O vinagre ajuda a neutralizar as toxinas e evitar maiores queimaduras por águas-vivas – Foto: Canva/Divulgação/ND
As chamadas queimaduras por águas-vivas são, na verdade, envenenamento pelas toxinas injetadas na pele. Confira dicas dos bombeiros nesses casos:
- O melhor a se fazer, quando possível, é procurar um posto de guarda vidas mais próximo para receber todas as orientações;
- Evite coçar a área atingida ou colocar água doce;
- É indicado borrifar vinagre na lesão, o que neutraliza o efeito das toxinas liberadas no contato com o animal;
- Em casos mais graves é necessário encaminhamento hospitalar.
O professor Alberto Lindner recomenda retirar os tentáculos restantes na pele. A aplicação do vinagre ajuda a neutralizar o veneno que ainda não foi injetado.
“Para diminuir a inflamação, dá para fazer compressas com água fria, mas não com água direto em cima do ferimento, porque isso pode levar à liberação de mais veneno”, adverte.
As vítimas de queimaduras por águas-vivas devem procurar um posto de guarda-vidas para atendimento – Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom/Divulgação
Também é fundamental ficar atento às reações alérgicas desencadeadas pelas queimaduras por águas-vivas, que podem até levar à morte.
“Se tiver alguma questão mais grave, começar a sentir náusea, falta de ar, algum tipo de reação alérgica, é importante procurar um serviço de urgência”, alerta o pesquisador.
Confira o ranking das cidades que mais registraram queimaduras por águas-vivas em SC
O Litoral Sul tem a maior incidência de queimaduras por águas-vivas no estado – Foto: Renan Rosso/Divulgação/ND
Os dados divulgados pelo CBMSC se referem às ocorrências de queimaduras por águas-vivas atendidas por cada BBM (Batalhão de Bombeiros Militar):
- Criciúma: 7.027
- Florianópolis: 3.509
- Itajaí: 3.048
- Tubarão: 1.339
- São José: 658
- Balneário Camboriú: 511

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