Rádio Rio Negrinho recebe homenagem na Câmara pelos 70 anos de atuação.
Locutor Aristides Sauer, que trabalha na emissora desde os 14 anos de idade, também recebeu homenagem e representou todos os demais colaboradores.
O Vereador Silvio Kuss obteve apoio de todos os vereadores na Sessão Ordinária dessa segunda-feira (26/11) quando apresentou em plenário a Moção de Aplauso à Rádio Rio Negrinho Ltda relativa ao aniversário de 70 anos da emissora que surgiu na década de 40. Diretores, familiares, funcionários, ex-funcionários e amigos marcaram presença na sessão e acompanharam a homenagem desta empresa que começou a operar em 1948, quando surgiu uma emissora de rádio que revolucionaria a comunicação regional, se instalou e até hoje irradia muitas alegrias e ao mesmo tempo tristezas, já que uma das maiores preocupações de seus idealizadores sempre foi deixar a comunidade informada sobre o que está acontecendo ao seu redor. Desde então até os dias atuais os boletins informativos, noticiários e programas tradicionais de décadas no ar transmitem com muita credibilidade os fatos transformados em notícias.
O locutor Aristides Sauer também foi homenageado pelos 46 anos de trabalhos prestados à empresa. Aristides representou os demais colaboradores na ativa e os que passaram pela emissora. Um vídeo com relatos emocionantes, como o de Ivo Stoeberl – in memorian- que trabalhou por muitos anos na emissora, também fizeram parte da homenagem prestada na Câmara.
A Rádio Rio Negrinho Ltda, teve seu pedido de licença liberado pelo governo federal em 25 de agosto de 1948. Os seus fundadores foram o comerciante Arthur Meier, o bancário Egon Hussmann, o farmacêutico Péricles Virmond e o industriário Bernardo Olsen Neto que, com muita ousadia, conseguiram quebrar o isolamento da população de Rio Negrinho, localizada ao Norte de Santa Catarina. Na época a emissora entrava no ar sob o prefixo ZYR-4 e apenas 100 watts de potência. No começo de sua história Rio Negrinho era distrito de São Bento do Sul, e assim então a localidade distrital projetou-se à frente de sua própria cidade.
A programação era comandada por Egon Hussmann e sua esposa Irene Hussmann, que foi também a primeira locutora e técnica de som. A primeira frase em sua inauguração foi: “Neste lindo céu azul do meu Brasil, transmite a Rádio Rio Negrinho ZYR-4” Mais tarde a rádio passou a ter quatro funcionários e alguns voluntários. Sua primeira notícia, sendo a que mais marcou, foi à própria criação da rádio, devido à dificuldade de criação de emissoras de rádios vivida na época. Alguns quadros criados na época, como a oração da ave Maria, acompanha a programação da rádio até os dias de hoje.
Em 1950 a direção da rádio Rio Negrinho passou a ser exclusiva de Arthur Meier e sua esposa Eugênia Kwitschal Meier. Desde 31 de março de 1988, até os dias de hoje, esta casa de comunicação é dirigida por seus filhos, Goldwin Meier e Elfi Meier Telma. Com um passado de tantas glórias e recordações, decisões firmes no presente, de olhos voltados para o futuro, a mais tradicional estação de rádio do planalto norte catarinense e sul paranaense, abrange todo o médio vale do rio negro. Orgulha-se de ter presenciado fatos que construíram a história de vários municípios.
O desfile de 7 de setembro, Dia da Independência, era uma das maiores atrações quando irradiados, os tambores, os trompetes e outros instrumentos causavam orgulho aos munícipes que acompanham passo a passo o que acontecia no desfile cívico. Muitos locutores e sonoplastas passaram pela rádio e deixaram sua imagem estampada nos programas que levam ao ar. Infelizmente não seria possível contar a história de cada um deles aqui, contudo cada um sabe do seu valor e suas qualidades mesmo na lembrança de amigos e familiares daqueles que já faleceram.
A Rádio Rio Negrinho viveu momentos de grande expectativa quando das enchentes de 1983 e 1992. Em situação parecida qualquer meio de comunicação encerra seus trabalhos e busca meios de se defender se for o caso de ser afetado diretamente pela catástrofe, mas com a Rádio Rio Negrinho foi diferente. Em pleno auge das cheias, inclusive com o prédio dos estúdios principais sendo atingido quase por completo, a rádio deu sua contribuição exemplar à sociedade e depois de transferir o estúdio para um local alto onde situam-se a torre e os transmissores começou a ajudar as pessoas que passavam por dificuldades e dar avisos de interesse de todos, tanto por parte dos atingidos quanto pela defesa civil e entidades beneficentes que entravam em ação para um bem comum. Histórias fantásticas como essa, fizeram com que a Rádio Rio Negrinho se firmasse como o meio de maior credibilidade em meio a comunidade rio-negrinhense.
Entre as grandes transmissões a Rádio Rio Negrinho também foi fundamental na época que existia cinema na cidade, o “Cine Rio Negrinho” que anunciava seus filmes em cartaz na rádio que por sua vez fazia shows e transmitia direto do espaço reservado onde hoje se instala uma grande loja. Com certeza a Rádio Rio Negrinho, como carrega em seus prefixos, é a companheira de todas as horas e sempre estará operando para descontrair, entreter e informar. Em novembro de 2016 a Rádio Rio Negrinho passou a ocupar o dial 97,9 FM, concluindo o processo de migração AM-FM.
No dia 25 de agosto de 2018, a Rádio Rio Negrinho comemorou seus 70 anos de fundação. Para marcar esta data tão especial, a Fundação Municipal de Cultura (FMC) e o Conselho de Política Cultural realizaram uma exposição com materiais e equipamentos que marcaram parte desta história. A exposição contou com peças raras que eram usadas há tempos e que hoje a tecnologia já substituiu. A Rádio Rio Negrinho é a terceira empresa mais antiga da cidade. Este é apenas um breve relato da história desta emissora pioneira na região norte catarinense, os dados aqui relatados foram coletados junto a comunidade, funcionários e documentos pertencentes a emissora.
ARISTIDES SAUER
O ano era 1972 e o mês era outubro em um tempo que meninos de 14 anos podiam trabalhar. Estava ele voltando do setor pessoal da Móveis Cimo depois de um teste psicotécnico. Resolveu então, sempre com acompanhamento da mãe, chegar até a Móveis Irimar que funcionava na parte inferior do prédio da Rádio Rio Negrinho, na Rua Carlos Weber. Na ocasião ficou sabendo que a rádio, em breve, abriria uma vaga para técnico sonoplasta. No dia seguinte foi avisado para imediatamente assumir a vaga.
No início a dificuldade era inevitável. Manusear LPs, rodar comerciais em discos de 78 rotações acertando a agulha no ponto. Difícil para quem nunca nem sequer tinha visto um toca discos. Mas tudo foi sendo superado e com a ajuda dos colegas de trabalho foi ficando mais fácil. Naquela oportunidade pode trabalhar com grandes nomes da comunicação como Coroné Cezar, Renato Piccinini, Sérgio Ferreira, Aldemir Tavares e muitos outros… Em 1977 foi convidado para uma nova missão: fazer locução, tarefa que até então só acompanhava os demais locutores em seus programas fazerem.
No ar desde então, teve o privilégio de acompanhar várias mudanças dentro da emissora. Transmissões de jogos que eram sagradas aos domingos, grandes gincanas, desfiles de 7 de setembro, enchentes quando mesmo com os estúdios oficiais ficaram ilhados e as transmissões ocorreram diretamente do sistema irradiante, são lembranças eternizadas na memória. Fazer programas de rádio com as músicas dos anos 70, 80 e 90 tocando sucessos que marcaram gerações e ainda hoje mexem com as pessoas.
Saudades dos colegas que já não estão mais entre nós, mas feliz por muitos colegas da época estarem atuando até hoje no ramo em outras emissoras, fazendo sucesso, mas sempre lembrando que um dia fizeram parte do quadro de funcionários da Rádio Rio Negrinho, um verdadeiro celeiro na formação de profissionais. Muita gratidão por fazer parte de uma história riquíssima de uma emissora de rádio que faz parte da história do rádio de todos os tempos e lugares. Uma história que começou a 46 anos na qual sempre trabalhei com pessoas preocupadas em administrar bem a rádio.
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