Um acidente doméstico envolvendo uma criança de apenas dois anos e cinco meses, em Navegantes, no Litoral Norte de Santa Catarina, transformou-se em uma verdadeira batalha por atendimento médico. O menino, que sofreu um corte profundo no dedo mínimo, acabou tendo parte do dedo amputada após, segundo os pais, enfrentar uma série de erros e negligências no Hospital de Navegantes.
O pai da criança, Wellington Dayvison, relatou que levou o filho à unidade hospitalar por volta das 17h no dia do acidente, mas o atendimento foi marcado por demora e descaso.
“O atendimento foi horrível do começo ao fim. Cheguei com meu filho com o dedo roxo e a recepcionista nem quis olhar. Fui ignorado na triagem e fiquei mais de três horas esperando pra ouvir do médico que estava ‘normal’. Isso não é normal, é descaso!”, desabafou.
Segundo a família, durante as seis horas de espera, o ferimento ficou sem qualquer curativo. A única orientação após a sutura foi retornar após cinco dias.
No dia 7 de maio, a situação se agravou: o dedo começou a escurecer, sinal de necrose. Os pais, desesperados, levaram a criança à Policlínica do bairro Machado, onde o médico percebeu o risco e recomendou o retorno imediato ao hospital.
Entretanto, no Hospital de Navegantes, o cenário se repetiu: classificação verde e mais três horas de espera. O pai relata que, novamente, o médico minimizou a gravidade, orientando apenas manter a medicação.
“Foi uma enfermeira que, quando viu, ficou em choque e pediu pra irmos correndo para o Pequeno Anjo”, contou Wellington.
No Hospital Pequeno Anjo, em Itajaí, a criança foi atendida como emergência. A equipe tentou reverter o quadro, mas a amputação parcial do dedo foi inevitável.
A cirurgia, inicialmente agendada para sexta-feira (23), foi adiada devido a sintomas gripais. A nova data deverá ser definida na próxima segunda-feira (26).
Revolta nas redes sociais
O caso gerou grande comoção nas redes sociais, com diversos relatos de outros moradores sobre experiências negativas no mesmo hospital.
“Esse hospital nunca foi bom! Agora tá pior ainda. Quem tem Unimed tá salvo, quem não tem, fica na mão”, escreveu um internauta.
Outra moradora desabafou: “Minha filha quebrou a clavícula, disseram que ia precisar de cirurgia e platina. Fomos pro Pequeno Anjo e lá não precisou de nada disso. Foi só imobilização e remédio. Péssima administração.”
O que diz o hospital
Em nota, o Hospital de Navegantes informou que, no momento, não irá se posicionar oficialmente e orientou a família a procurar a ouvidoria do município para formalizar a reclamação. Somente após isso será possível abrir um processo administrativo interno.
O hospital declarou ainda que, caso sejam comprovadas falhas, “os profissionais envolvidos poderão ser responsabilizados”.
Prontuário com informações contraditórias
O pai relatou que, ao solicitar o prontuário médico, encontrou informações contraditórias. O hospital afirmou que um novo prontuário, completo e assinado pelos profissionais, estará disponível a partir de segunda-feira (27).
Já o Hospital Pequeno Anjo, seguindo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), informou que enviará o prontuário por e-mail conforme solicitado pela família.
E agora?
“É muito triste ver uma criança tão pequena passar por isso. E é mais triste ainda saber que não é um caso isolado. Até quando?”, questionou uma familiar nas redes sociais.
Enquanto aguarda a cirurgia, a família busca na Justiça respostas e responsabilização por um episódio que, segundo eles, poderia ter sido evitado.
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